Existe Vida em Outros Pontos do Universo

Em um polêmico livro publicado em 2000 (Rare Earth, Springer), dois autores americanos, o paleontólogo Peter Ward e o astrônomo Donald Brownlee, autores da frase acima, propuseram a idéia de que seria praticamente zero a possibilidade de existir vida inteligente semelhante a do ser humano. Em outras palavras, podemos estar sozinhos no Universo.

Veja bem, caro leitor, a polêmica não é se existiria qualquer tipo de vida em outros pontos do universo além da Terra. A maioria dos cientistas concorda que há uma possibilidade extremamente alta de que ela exista, e veremos abaixo a argumentação a favor disso. A polêmica mais violenta, e que se arrasta desde a época de Giordano Bruno, é se poderiam existir seres vivos dotados de inteligência, ou seja, alguém parecido conosco, humanos.

O argumento de Ward e Brownlee parece reforçar o que muitos religiosos afirmam desde a Idade Média, ou seja, que o ser humano seria uma criação única de Deus, feito à sua imagem e semelhança, e que não existiria em nenhum outro lugar do Universo. Devido a este dogma, a Terra foi colocada no seu centro, e as esferas celestes foram consideradas desabitadas, com exceção dos anjos e das almas boas que tinham merecido a redenção do Céu.

Por ter afirmado (entre outras heresias religiosas para a época), que existiria um número infinito de mundos, e, portanto, de outras raças inteligentes à imagem de Deus, o frade italiano Giordano Bruno foi queimado vivo pela Inquisição, por ter desafiado as imposições do "conhecimento" oficial da Igreja Católica. Antes de morrer, o rebelde Bruno declarou aos juízes: "Talvez o seu medo em me passar esse julgamento seja maior do que o meu de recebê-lo", Uma ótima frase de despedida, e até hoje ela resume bem o que existe por trás da intolerância e do dogma: simplesmente o medo.

Posteriormente, com o desenvolvimento e popularização da astronomia, ficamos sabendo que os planetas são outros mundos como o nosso, e que eles poderiam teoricamente ter vida (embora até hoje nada tenha sido achado). Nos séculos seguintes a Humanidade tomou conhecimento, chocada, que o Sol é apenas uma estrela dentre as mais de 100 bilhões da Via Láctea, e que esta, por sua vez, é uma galáxia de tamanho médio entre possivelmente alguns trilhões de outras galáxias dispersas em um espaço inimaginavelmente grande.

Mais recentemente, usando novas técnicas, os astrônomos foram capazes de detectar a existência de centenas de novos planetas em outros sistemas estelares. Quase todos, por serem gigantes, são semelhantes a Júpiter e outros planetas gasosos, incapazes de abrigar qualquer tipo de vida. Entretanto, em abril de 2007 foi descoberto pela primeira vez um planeta, a cerca de 20 anos-luz da Terra, que parece ter água em estado líquido e uma temperatura entre 0 e 40 graus Celsius, sendo capaz, portanto, de abrigar formas de vida semelhantes às encontradas por aqui.

Fazendo algumas contas simples, cientistas como Frank Drake e Carl Sagan (autores de uma famosa equação desenvolvida em 1961 que procurou calcular objetivamente essa probabilidade) logo chegaram à conclusão que, entre os trilhões de trilhões de planetas possíveis, seria uma impossibilidade matemática que em alguns deles, não se tivesse desenvolvido vida, e, especialmente, vida inteligente. Os parâmetros da tal equação podem ser chutados à vontade, então ela é bem pouco confiável, mas uma estimativa bastante pessimista deu, mesmo assim, um resultado de pelo menos 10 civilizações extraterrestres na nossa galáxia.

As espécies vivas evoluíram, em alguns bilhões de anos, a partir de organismos extremamente simples, como bactérias, algas ou protozoários unicelulares, adaptados às condições físicas da Terra. As células, por sua vez, parecem ter tido sua origem em aglomerados moleculares orgânicos, mas não vivos, compostos de carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio e outros átomos, que existem em grande quantidade por toda parte no Universo, inclusive na poeira inter-estelar. Esses átomos mais pesados foram gerados na fornalha nuclear dentro das estrelas, a partir do hidrogênio, e se espalharam pelo espaço sideral quando essas estrelas explodiram ao final de sua vida (novas e super-novas).

0 comentários:

Postar um comentário