O espirro também é “atchim” em outros países?

Não. Cada língua tem uma forma própria de representar o som do espirro. Por exemplo, na França é atchoum, na Alemanha hatschi e nos Estados Unidos atchoo, achoo ou achew. Entre idiomas de um mesmo tronco lingüístico, como o português e o francês (derivados do latim), as onomatopéias do espirro podem ser similares. Mas isso não é uma regra. “Línguas do mesmo grupo podem ter representações bem distintas. As onomatopéias são formas espontâneas, que não se submetem totalmente aos sistemas fonológicos da língua”, diz o lingüista Mário Viaro, da Universidade de São Paulo (USP). Já o modo como as pessoas “respondem” ao espirro varia muito, como você pode conferir ao lado. O atchim costuma ser provocado por uma irritação no nariz, na garganta, no pulmão ou nas vias aéreas superiores. Pode também ser uma defesa do organismo contra partículas invasoras, como poeira ou pólen - num espirro, o ar é expulso numa velocidade incrível: 150 km/h! E você já reparou como a maioria das pessoas involuntariamente fecha os olhos ao espirrar? Uma das razões é que, ao cerrarmos as pálpebras, reduzimos o risco de que as partículas expelidas entrem em contato com os olhos durante o atchim. Saúde!

Como surgem as verrugas?

"São resultado de um acúmulo de células que aumenta a espessura da pele", explica a dermatologista Aparecida M. Moraes, da Unicamp. O responsável mais comum por essas saliências é o papiloma-vírus humano (HPV). Ele penetra na pele e nas mucosas e parasita as células, fazendo-as se multiplicar. "As verrugas virais são mais comuns em crianças e adolescentes ou em pessoas com deficiências da imunidade, como as que fizeram transplantes de órgãos ou tem o vírus HIV", diz o dermatologista Sergio Henrique Hirata, da Unifesp. Apesar de serem lesões benignas, as verrugas devem ser removidas por um dermatologista, que, para isso, usa substâncias cáusticas, nitrogênio líquido ou curetagem. O acompanhamento profissional é indicado para evitar inflamações, infecções, lesões de outras partes da pele e a transmissão do vírus.

Qual é o filme mais longo da história do cinema?

Você jamais deve ter ouvido falar dele, mas o filme campeão em duração não poderia ter um título melhor: The Cure for Insomnia ("A Cura para Insônia", 1987). Escrito e dirigido por John Henry Timmis IV, o longa (e bota longa nisso) tem espetaculares 85 horas de duração, o que lhe garantiu lugar cativo no Guinness, o "livro dos recordes". Esse curioso filme foi desenvolvido como parte de um programa experimental, na tentativa de reprogramar o relógio biológico dos insones para que eles pudessem voltar a dormir - quem sabe durante a própria exibição do filme. The Cure for Insomnia foi mostrado pela primeira vez, na íntegra, no Instituto de Arte de Chicago, nos Estados Unidos, em 1987. A sessão começou no dia 31 de janeiro e só terminou no dia 3 de fevereiro. Curioso sobre a história apresentada? Pois é, o pior é que o filme não tem roteiro!
O ator principal é o poeta americano L.D. Groban, que aparece em cena lendo um poema épico de sua autoria com mais de 4 mil páginas! À leitura da obra literária misturam-se cenas de arquivo com os mais variados temas, de videoclipes de heavy metal a cenas de sexo explícito captadas de fitas eróticas. Quem viu garante que a película tem momentos hilariantes, outros de pura genialidade, mas o que predomina mesmo é o tédio. Em 1970, outro filme-maratona ficou famoso: The Longest Most Meaningless Movie in the World ("O Filme Mais Longo e Mais Sem Sentido do Mundo"). Exibido em algumas poucas salas de cinema na Inglaterra, ele também usava cenas de arquivo e durava 48 horas. É claro que filmes assim não entram no circuito comercial, são apenas obras experimentais. Mas Hollywood também tem uma quedinha por produções duradouras, como você pode conferir na página ao lado.

Por que ocorre a transpiração?

O suor é a forma mais rápida e eficiente de controlar a temperatura interna do nosso organismo, que precisa ser mantido na faixa dos 36,5 ºC para funcionar direito. Acima dos 45 ºC, o calor mata as células e "cozinha" os órgãos internos. Para ficar longe da zona de perigo, ao menor sinal de quentura - causada pela temperatura externa, por fatores emocionais, como nervosismo, ou por atividades físicas, como sexo - os termorreceptores espalhados pelo corpo dão um alerta. A mensagem é recebida pelo nosso termostato: a região do hipotálamo (no centro do cérebro), que aciona vários mecanismos para refrescar o corpo, como a circulação sanguínea superficial e a transpiração. O sangue passa a irrigar áreas próximas à pele, o que torna mais fácil trocar calor com o exterior - é aquele vermelhão que surge nas bochechas, por exemplo. Mas só isso não adianta. Eficaz mesmo é a transpiração, que ocorre nas glândulas sudoríparas espalhadas pela derme. "O suor resfria a superfície da pele e abaixa a temperatura interna", diz o médico José Ribas Milanez de Campos, da Universidade de São Paulo. Apesar de indispensável, a transpiração é um drama se ocorre em excesso. É o caso de quem sofre de hiperidrose, um distúrbio que faz algumas regiões do corpo se encharcarem sem motivo. Cerca de 1% da população tem o problema, que pode ser corrigido com cirurgia.


A evaporação do suor ajuda a dissipar o calor interno do organismo

1. Quando recebe o sinal de calor, o hipotálamo, por meio do sistema nervoso simpático, avisa às glândulas sudoríparas que é hora de suar. Localizadas na derme, as glândulas são "tubos" com 5 mm de extensão. São pequenas, mas numerosas: temos três milhões delas no organismo, a maior parte nas regiões da cabeça, axilas, mãos, virilhas e pés

2. O suor é produzido dentro da glândula ou, se o calor for muito grande, com água retirada dos tecidos ao redor. Ele é formado basicamente por água (99%) e sais minerais, como sódio e potássio. Apesar de não ter cheiro, pode feder ao entrar em contato com as bactérias presentes na pele

3. O corpo quente cede energia, na forma de calor, às partículas de água que formam o suor. Ao chegar à pele, parte do suor evapora e o calor que estava dentro do organismo se dissipa no ambiente. O processo é constante e pode passar despercebido. Em um dia quente de verão, um adulto pode perder, em média, entre 2 e 2,5 litros de água pela transpiração

Por que a voz dos adolescentes muda?

É culpa dos hormônios, que perturbam o organismo da moçada nessa fase da vida. Na adolescência, tanto os garotos como as meninas começam a produzir os hormônios que realçam as diferenças sexuais. Nelas, aumenta a produção de estrógeno e progesterona. Neles, a testosterona explode, desencadeando uma série de transformações. Uma das mudanças é o crescimento da cartilagem da laringe, onde se localizam os músculos vocais que compõem a prega vocal. E é a vibração dessa prega durante a passagem do ar que sai dos pulmões que produz a nossa voz. Com o crescimento da laringe, os músculos vocais se esticam e aumentam de tamanho. "Com isso a estrutura vocal muda e a voz fica mais grave", diz o otorrinolaringologista (especialista em ouvido, nariz e garganta) Reginaldo Raimundo Fujita, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Como o crescimento da cartilagem da laringe é muito maior no corpo masculino, só os garotos ganham nessa fase o famoso pomo-de-adão, ou gogó. Antes da adolescência, as crianças de ambos os sexos têm o mesmo tamanho de laringe, o que torna as vozes parecidas, entre 250 e 270 hertz (Hz) - unidade que verifica a freqüência das ondas sonoras. Na "fase das mudanças", a freqüência da voz dos meninos e das meninas cai, tornando o som mais grave, ou seja, a voz mais grossa. Nas garotas, porém, como o estrógeno e a progesterona não fazem tanto efeito na laringe, a alteração na freqüência é menor (como dá para conferir no quadro abaixo). O engraçado é que na velhice a voz dos homens e das mulheres se aproxima novamente, pois há uma redução na produção de hormônios tanto masculinos como femininos. É por isso que às vezes não conseguimos distinguir no telefone se estamos falando com um homem ou uma mulher de mais idade.

Por que o dente de siso demora para nascer?

Porque ele precisa de espaço. Cada dente tem seu tempo de formação e erupção. O siso, ou terceiro molar, começa a se formar por volta dos 5 anos de idade e só nasce entre os 15 e os 20 anos. Afinal, seria impossível a boca de uma criança abrigar todos os dentes de uma vez. O problema é que essa "estratégia" do corpo nem sempre funciona, pois a arcada dentária pode se expandir e ocupar o pedaço da gengiva que seria destinado aos sisos. "Isso acontece por causa do reduzido tamanho do maxilar superior ou da mandíbula, ou por um mau posicionamento dos dentes que nasceram antes", diz o professor de odontologia Roger William Moreira, da Universidade Estadual de Campinas (SP), a Unicamp. Quando falta espaço, os sisos pressionam os dentes vizinhos, causando dor e inflamações, e às vezes precisam ser arrancados. Mas esse episódio do início da vida adulta não foi sempre um incômodo. "Nossos ancestrais tinham uma alimentação mais consistente e abrasiva e as perdas dentais precoces eram freqüentes, o que tornava os terceiros molares fundamentais para complementar o aparelho mastigatório", afirma Roger. Hoje a situação é outra. Os maxilares diminuíram, as dietas são mais leves e os sisos quase não têm utilidade. "Algumas pessoas nem têm mais esses dentes, o que indica uma tendência evolutiva de desaparecimento", diz o professor de odontologia Marcelo Giannini, também da Unicamp.

Lula-vampira-do-inferno - relíquia das profundezas

A lula-vampira-do-inferno - Vampyroteuthis infernalis é um cefalópode que vive nas águas profundas do Atlântico e do Pacífico - numa zona onde não há penetração de luz, com uma profundidade de 400-1000mts e uma concentração de oxigênio de 3%.

Esta espécie de lula tem um único filamento retrátil sensível, isolado e bipartido. Normalmente, tem cerca de 15 centímetros. Seu corpo é gelatinoso e muda de cor dependendo das condições de iluminação. Possui uma membrana ligando os oito tentáculos, com ventosas nas extremidades, e fileiras de espinhos moles.


Para a viver em um ambiente tão especial a lula-vampira-do-inferno conta com várias adaptações importante. Está realmente bem equipada. Quando você pensa que ela já mostrou todos os truques que sabe fazer, ela surpreende. Veja no vídeo.

Seu metabolismo é incrivelmente baixo. O pigmento hemocianina dá ao animal um sangue azul, que de forma eficiente liga e transporta oxigênio. A musculatura é um sistema perfeito de equilíbrio, onde a densidade do corpo, devido ao alto teor de tecido de amônia, praticamente corresponde à densidade da água do mar. Isto permite que o animal mantenha uma flutuabilidade com pouco esforço e proporciona uma mobilidade suficiente.

Um par de pequenas "asas" servem como seu principal meio de transporte. O flagelos velares, escondidos em dois sacos, podem esticar para muito além dos tentáculos. Este animal controla muito bem seus órgãos de bioluminescência - photophores e é capaz de produzir desorientação com flashes de luz que podem durar vários minutos. Além disso, pode controlar o brilho e tamanho das manchas de cor.

Seus olhos podem distinguir as silhuetas de outros animais, a lula-vampira nada flutuando por cima. Para proteger sua detecção dos outros animais, emite um brilho azulado de suas próprias membranas. A luz dilui o contorno do animal, escondendo-o do ponto de vista de baixo. Ela possui também um par de fotorreceptores alertantes situados no topo da cabeça.

Em caso de perigo extremo, ela usa seu saco de tinta, criando uma nuvem de muco pegajoso bioluminescente contendo inúmeras bolas azuis brilhantes. A cortina de luz oprime o predador e dura até 10 minutos, tempo suficiente para ela escapar na escuridão.

Os flagelos disparam para auxiliar na deriva. Caso eles toquem em qualquer objeto ou percebam vibrações externas, o animal se agita em movimento rápido e caótico. O uso do saco de tintas exige grandes inputs de energia, enquanto o muco é reposto, a lula-vampira-do-inferno usa outros truques de defesa - os fogos bioluminescentes em conjunto com tentáculos retorcendo trajetórias caóticas brilhantes e de movimentos imprevisíveis, transtorna o predador e dificulta a caça.

Ela consegue ainda adotar um posição de proteção, agrupando os tentáculos bem acima de sua cabeça, evitando um ataque sobre as partes vitais do corpo. A posição lembra uma abóbora - os tentáculos voltam-se para dentro, fechando o corpo. Se um predador morde a ponta dos tentáculos, o animal volta a crescer.