Sinais cerebrais são traduzidos em palavras

Embora ainda em fase bastante inicial, o projeto é considerado um passo promissor para a criação de um mecanismo que permita a pessoas seriamente paralisadas se comunicar.

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A equipe liderada por Bradley Greger utilizou duas “grades” de 16 microeletrodos implantadas abaixo do crânio, mas acima do cérebro. Por não penetrarem na massa cinzenta, esses chamado microECoGs são mais seguros para medir funções ligadas ao reconhecimento da fala.

Os eletrodos foram colocados sobre os centros de fala de um voluntário com ataques de epilepsia crônicos. O homem já havia passado por procedimentos de remoção de um pedaço do crânio e aplicação de eletrodos comuns para tratar as áreas dos ataques.

Paralelamente a seu tratamento, o paciente concordou em testar o novo sistema. Duas áreas foram selecionadas para receber os microeletrodos: o córtex facial motor (que controla movimentos da boca, lábios, língua e face), e a chamada área de Wernicke, ligada à compreensão da linguagem.

Com os microECoGs, os cientistas gravaram os sinais cerebrais emitidos enquanto o paciente lia repetidamente dez palavras considerada úteis para uma pessoa paralisada: sim, não, quente, frio, fome, sede, oi, tchau, mais e menos. Foram feitas sessões de uma hora, em quatro dias consecutivos, sendo que cada uma das palavras foi repetida entre 31 e 96 vezes.

Depois, com a ajuda de um software, os pesquisadores tentaram descobrir quais sinais cerebrais representavam cada palavra. Ao comparar dois sinais distintos (por exemplo, das palavras sim e não) a taxa de acerto ficou entre 76% e 90%.

Já ao examinar todos os 10 padrões de uma vez, selecionar a palavra correta foi mais difícil e a precisão caiu para entre 28% e 48%. Ainda assim, os cientistas ressaltam que a simples sorte, ou os “chutes”, representariam apenas 10% dos acertos.

Os resultados foram capazes de provar o conceito do projeto, mas ainda são insuficientes para traduzir com precisão os pensamentos de alguém paralisado. A ideia deve ser aprimorada e, em alguns anos, talvez seja possível realizar testes clínicos.

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